Já o contei hoje por mail a algumas pessoas como forma de desabafo. No entanto, acho de bom tom colocá-lo aqui no meu blog também, que tão bons conselhos me dá.
Portanto, hoje aconteceu uma coisa muito triste na estação do cacém.
Estava na fila e, atrás de mim estavam 2 gajos daqueles que andam sempre com a trouxa às costas, com instrumentos e isso, a discutirem.
Um era anão, o outro não. Acho que deviam ir tocar qualquer coisa à noite pela conversa, mas no meio da discussão o maior disse assim "epá, mete as tuas coisas onde quiseres, mete na cabeça de alguém... olha pá, vai tocar sozinho que eu vou-me embora". E foi mesmo. Ao que o anão ainda ripostou com um elegante "vai mas é pó caralho".
E ali ficámos à espera do comboio. Eu, o anão e as pessoas.
O primeiro que aparece é o do Rossio e é esse que o anão vai apanhar. Um velhote dentro do comboio ajudou-o a meter o malão do instrumento, mas o gajo ainda teve de descer para vir buscar o resto da carga.
Ora, quem estava cá em baixo e se prontificou a ajudar o anão? Cá o Pedrocas, com o cabrão do portátil ao ombro.
O problema foi que a tralha que ele tinha e que parecia tão bem amarrada, estava apenas coberta com um pano. Ou seja, mal o Pedrocas agarra naquilo com uma mão enquanto o anão agarrava do outro lado e subia para o comboio, começa tudo a tombar, inclusivé o anão, que cai dentro do comboio com a tralha em cima dele. E eu a ajudá-lo e livros a cairem de dentro do pano. Livros a irem para a linha.
Foi um momento bem deprimente. Um gajo tenta ajudar e quase assassina uma pessoa, mesmo sem culpa.
Antes do comboio arrancar, ainda consegui ajudar o homem a levantar-se e perguntei se o livro que estava na linha não lhe faria falta. Que não, respondeu ele e agradeceu-me.
Também, mesmo que lhe fizesse falta o livro, depois daquele desastre todo, bem que pode agradecer por ainda estar vivo e não ter ido ele parar à linha.