Ontem saí de Belém por volta das 18h, daquele local tão aprazível que mais parece uma trituradora de almas, onde vou pontualmente fazer uns serviços de consultoria. Cada vez mais gosto de lá estar. Ando até a pensar em começar também a disponibilizar gratuitamente serviços de homícidio. Disponibilizo o serviço a mim próprio. Alguém interessado? Sim, eu.
Voltando a Belém, saí para apanhar o 27 (gosto de dizer números de autocarros, dá uma certa intelectualidade aos textos e sempre achei que saber números de autocarros é algo a que só os mais dotados recorrem) para ir até Entrecampos.
No entanto, o 27 (cá está, o toque de génio) dá a volta ao mundo e por vezes dar a volta ao mundo de autocarro torna-se aborrecido. Decidi então apanhar o 15 (com eléctricos também resulta muito bem), que também não é nada rápido mas ao menos dá uma volta diferente.
Ia sair no Cais do Sodré para apanhar o metro, mas tinha de apanhar 3 metros para ir até Entrecampos. Vai o Pedrocas e decide então sair no Terreiro do Paço. "É bonito e sempre aproveito para andar e ver moradores do Martim Moniz a venderem droga".
Foi do Terreiro do Paço até Entrecampos. Aquilo pela Avenida da Liberdade ainda estava a parecer uma ideia brilhante, mas um pouco depois do Marquês, quando comecei a transpirar com o frio do anoitecer, notei que talvez cansasse menos enfiar-me no metro.
E assim não o fiz. Continuei feliz pelas ruas do mundo, a suar como um jogador do Sporting depois de correr 3 minutos. Quando cheguei ao Saldanha ainda pensei em parar para rezar que Entrecampos tivesse sido transferido para ali. Não tinha. Quando finalmente cheguei, fui ao pernólogo adquirir pernas novas porque aquelas já não as sentia.
Já marquei comigo mesmo o próximo circuito. Cacém -> Algarve (pausa para um café) -> Oceano (pausa para um cigarrinho) -> Trás-os-Montes -> Saldanha -> Empresa. Vou marcar 3 semanas de férias para conseguir chegar a horas ao trabalho.
A verdade é que serviu para desanuviar a cabeça que vinha a ferver com coisas feias.